quarta-feira, 24 de outubro de 2007

DAS MORTES PELOS BICHOS

"(…) E quem passasse naquela rua percebia que algo mui raro sucedera, tanto era o alvoroço das gentes. Dois homens seguravam um cavalo convulso pelos freios e um círculo de pessoas se fechava à volta da seguinte visão aterradora: um pombo, enterrado no rosto de um homem novo que jazia de peito acima, estrebuchava agonizante, ao passo que o homem, já branco de morto, sangrava pela nuca e pela face. (…) Quem visse o jazido nestes termos, sem ouvir o relato dos feitos, não o diria humano por tão grotesca ser a visão."

in Relato dos Dizeres Comuns, vol. II, Lisboa, 1757

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